sábado, 3 de janeiro de 2009

Especial "Hora do Gol"

Como prometido ontem, estrearemos o ano de 2009 com um Especial: uma entrevista com um dos maiores radialistas brasileiros Luis Pineda Mendes, que mostrará toda sua experiência no rádio e dará sua opinião sobre alguns assuntos polêmicos. Confira a entrevista na íntegra, realizada pelo nosso colaborador e correspondente do Rio de Janeiro, Pedro Henrique Marotti.

Entrevista com Luis Mendes

Pedro Henrique Marotti - 26/11/2008

1. O que os profissionais do rádio pensam sobre o fato de não poderem cobrir a Copa do Mundo com seus repórteres dentro dos campos,acatando imposição da Rede Globo de TV?

L.M: Eu acho que isso é um retrocesso! O Brasil inventou a projeção dos repórteres de campo e começou isso em 1947, antes da Copa de 1950. Quanto maior for a liberdade do trabalho das equipes, melhor para o ouvinte, telespectador e leitor. Acho que ao contrário do que estão querendo fazer, ao invés de diminuir o número de profissionais deveriam aumentar.

2. Quais as principais melhorias que os estádios brasileiros precisam passar para realizarmos a Copa?

Sempre que a Copa é no Brasil, a Fifa exige mais do que dos outros. Em 1950, por exemplo, foi exigida a construção de um estádio. (Citou os estádios que sediaram a Copa de 50, falou do conflito da Argentina com a Fifa na época e devastação da Europa em conseqüência da guerra) A Fifa tinha que realizar o mundial no Brasil e o país construiu logo o maior do mundo, causando um impacto mundial comparado ao Coliseu de Roma, em termos de estrutura. Hoje o Brasil tem condições melhores de realizar a Copa do que em 1950 e o fará com brilho.

3. Como vê a estrutura geral do Brasil para sediar o evento, frente as grandes potências mundiais?

Uma Copa no Brasil tem características completamente diferentes. Trata-se de um país continente uma Copa aqui é como uma realizada em toda Europa, como um jogo em Berlim, outro em Roma, outro em Berlim e etc. (Acredita que o transporte ferroviário pode ser utilizado no miolo – sudeste – com uso do trem bala e sistema aéreo de qualidade, falou também no aspecto do turismo em uma Copa). É certo que precisa fazer diferente do que fez a Alemanha, Itália, Suíça e outros países.

4. É possível apontar alguma grande promessa para a seleção brasileira em 2014?

Ainda é cedo para pensar nisso. Antes da Copa de 2014, temos ainda a Copa de 2010. Acho importante mesclar os bons jogadores que atuam no futebol brasileiro com grandes jogadores que estão na Europa, pois os atletas que jogam no exterior perdem naturalmente o grande amor pela pátria que por muitas vezes move uma seleção, perde um pouco a visão patriótica. Por isso é importante juntar com jogadores que atuam aqui e possuem ainda visão de brasilidade. Time com técnica e força de vontade.

5. Qual foi o sentimento de ter narrado a final da Copa de 50?

Foi terrível. Eu sempre fui um locutor fiel e procurei descrever o gol. (Segundo ele, ao contar a história do jogo era como estar contando um pesadelo) o clima era horrível, muita tristeza, um silencio absoluto, rompido apenas com soluções e choros.

6. O Sr. acha que é possível um “maracanazzo” em 2014?

Acho que não. Até e possível o Brasil perder a Copa pois hoje existem muitas outras seleções que se aproximam, pelo menos.

7. Atualmente quais estádios devem ser aproveitados para a Copa de 2014?

No Rio, os dois: Maracanã com reformas estruturais e Engenhão. Além desses Morumbi, Beira-Rio, Olímpico, Mineirão, Mane –Garrincha – veja como são as coisas. Que bom que fosse se pudéssemos fazer nascer um novo Mane Garrincha, mas em carne e osso e não em cimento armado como evidentemente vai ser o estádio - , Arena da Baixada e etc. (Falou em seqüência sobre a necessidade de melhorar o sistema de transportes no Brasil e da rede hoteleira em alguns locais).

8. Se não fosse essa medida adotada pela Fifa, sobre o rodízio de continentes, o sr. acha que o Brasil teria chances de sediar a Copa de 2014?

Seria mais difícil. Quando o Brasil realizou a Copa em 1950 diziam que precisaríamos de mais 100 anos para realizar outra Copa. Contudo, o Brasil não pode ser ignorado pela Fifa por tudo que conquistou no futebol. O Rodízio dos continentes foi uma boa medida. Por exemplo agora teremos a Copa na África pela primeira vez. E acredito que isso vai ser feito com muita meticulosidade por parte do Brasil e dos brasileiros.

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